A Implosão da Mentira ou o Episódio do Riocentro
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Mentiram-me. Mentiram-me ontem
e hoje mentem novamente. Mentem
de corpo e alma, completamente.
E mentem de maneira tão pungente
que acho que mentem sinceramente.
Mentem, sobretudo, impune/mente.
Não mentem tristes. Alegremente
mentem. Mentem tão nacional/mente
que acham que mentindo história afora
vão enganar a morte eterna/mente.
Mentem. Mentem e calam. Mas suas frases
falam. E desfilam de tal modo nuas
que mesmo um cego pode ver
a verdade em trapos pelas ruas.
Sei que a verdade é difícil
e para alguns é cara e escura.
Mas não se chega à verdade
pela mentira, nem à democracia
pela ditadura.
Publicado no livro Política e paixão (1984).
In: SANT'ANNA, Affonso Romano de. A poesia possível. Rio de Janeiro: Rocco, 198
domingo, 18 de maio de 2008
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Um comentário:
Há mais coisas entre os conceitos absolutos de "verdade" e "mentira" do que "supõe nossa vão filosofia"... Onde ficam as "versões"? As "verdades parciais"? "Imparcialidade jornalística" é falácia.
Passei por aqui, e aguardo os próximos posts... ;)
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